domingo, 20 de setembro de 2009

À procura de um amor, no universo gay

A vida, num percurso homossexual.Campanha de prevenção contra a SIDA (AIDS). Este filme dá ênfase a dimensão dos afectos,como parte integrante da sexualidade.

Orgulho Gay – a história de um movimento

O Movimento em Defesa dos Direitos dos Homossexuais surgiu na Europa, no final do século passado. A sua principal bandeira era a descriminalização da homossexualidade e o reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais.
Só depois da Segunda Guerra Mundial o Movimento começou a estruturar-se na Europa e nos Estados Unidos.
O principal marco simbólico para o moderno Movimento Homossexual Internacional é o dia 28 de Junho de 1969, conhecido como Dia Internacional do Orgulho Gay/Lésbico, devido à rebelião de Stonewall.
Entre 1967 e 1969, Stonewall Inn era um bar divertido no centro da zona gay da cidade de Nova Iorque. Anteriormente uma garagem, foi adaptado com orçamento reduzido e transformou-se num lugar, apesar de pintado de preto, colorido, animado e tolerante que atraía uma grande variedade de tipos de pessoas, especialmente jovens, e tornou-se uma alternativa aos "apropriados" ambientes caseiros ou aos inacessíveis bares de encontros do circuito gay.
Não muito tempo antes, os momentos mais íntimos nos bares gays da zona eram passados num quarto das traseiras, onde uma lâmpada se acendia e piscava de cada vez que um cliente desconhecido entrava na porta principal. Esse era o sinal de que os pares que dançavam juntos se deviam separar.
Em Junho de 1969 Stonewall Inn estava a anos-luz de distância desse passado furtivo e atraia a chegada, do que a comunicação social começou de imediato a chamar, "o homossexual novo". Incentivados pela anti-cultura dos anos 60 questionaram os padrões e normas estabelecidas. O ambiente envolvente de alteração da ordem social, o surgir de uma geração que valoriza a não-violência, o amor livre e o uso de drogas, aumentou a desinibição e incentivou a coragem de acelerar o fim do decoro social em relação aos gays e ao seu modo de vida. Havia esperança nos seus olhos, esperança por um futuro melhor. Quando os hippies começaram a alargar o amor livre aos do seu próprio sexo, começou um fenómeno chamado "bi-sexual chic". A maioria dos gays esperava o fim da divisão gay/hetero e da criação de uma sociedade sexualmente igualitária e integrada onde todos fossem livres para amar e ser amados sem etiquetas de especialização sexual. No entanto, esse modo de vida, em conjunto com a posição anti guerra do Vietnam, foi visto por políticos conservadores como uma ameaça à ordem social.
Na noite de sexta-feira 27 de Junho de 1969 uma força policial invadiu um bar da cidade de Nova Iorque. Essas rusgas não eram incomuns em 1969; de fato elas eram feitas freqüentemente e ocorriam sem muita resistência. A base legal dessas visitas regulares, era a falta de licença para a venda de álcool. De fato, os homossexuais eram considerados doentes e, por isso, não podiam consumir bebidas alcoólicas. Contudo, naquela noite, em vez de permaneceram escondidos e calados, a rua entrou em erupção com violentos protestos enquanto no bar os clientes lutavam e ofereciam resistência à ação policial.
A polícia já tinha tido dificuldade em prender os suspeitos mas, depois de alguns carros de patrulha terem abandonado o local, o ponto de viragem sucedeu quando, por três vezes uma lésbica foi colocada dentro do carro e por três vezes saiu e tentou a fuga. Na última vez um polícia imobilizou-a por literalmente montar em cima dela. Na rua, além dos 200 clientes do bar, cerca de 1000 jovens enlouqueceram e, ao som de "Brutalidade policial" e "Porcos" fizeram recuar os restantes policias para dentro do bar com uma chuva de garrafas, latas e objectos incendiados e que provocaram pequenos incêndios na rua e dentro do bar. Depois do reforço policial e, algumas horas depois, a revolta foi controlada. Quatro polícias feridos e 13 prisões efetuadas foram os acontecimentos objeto do relatório policial. Mas o motim recomeçou nas noites seguintes. O dia 28 de Junho, também conhecido como "Dia da Libertação da Rua Christopher", foi a primeira de várias noites em que a Rua Christopher se transformou num verdadeiro campo de batalha. Com cada vez mais pessoas a enfrentar as cargas policiais, usando palavras de ordem como "Poder Gay", " Eu sou gay e tenho orgulho nisso" e " Eu gosto de rapazes", gays e lésbicas saíram do seu espaço habitual, juntaram-se às "drag queens" e aos "queer street kids" que encabeçaram a revolta, marcham orgulhosamente e fizeram questão de fazer parte do movimento.
Antes do verão de 1969 havia uma pequena expressão pública das vidas e das experiências dos gays e das lésbicas. Os motins de Stonewall marcaram o começo do movimento de libertação gay que transformou a opressão dos gays e das lésbicas em chamadas para o orgulho e a acção. Desde então temos testemunhado um florescer espantoso da cultura gay que mudou o mundo, para sempre.

Auto-aceitação

Quando chega a pré-adolescência e a adolescência, essa coisa da orientação sexual ainda não é muito clara para o adolescente, até porque ele não tem clareza do que é a sexualidade. Então, quando ele adquire clareza da orientação sexual e gostaria de sair do armário, entra o grande medo que esse adolescente tem de se revelar. Claro que esse medo vai depender do ambiente no qual ele vive como também da história dele de como foi essa percepção da diferença, se ele percebeu isso e aceitou de uma maneira natural ou se ele percebeu de cara que era uma coisa muito ruim. E aí, portanto, as suas dificuldades internas sem relação a isso, sua visão negativa, preconceituosa, sua própria visão, vai influenciar na maneira com ele vai administrar a questão de sair do armário ou não. De maneira geral, ainda existe uma homofobia internalizada muito grande, porque não tem como você eliminar anos e anos de uma mensagem negativa a respeito da sua sexualidade. O grau de auto-aceitação varia muito, muito em função da mensagem que essa criança, esse adolescente, esse adulto vem recebendo na sua história de vida.

fonte: www.armariox.com.br

Saindo do armário aos poucos


Sair do armário pode ser feito de várias maneiras, por exemplo, sair do armário de forma seletiva. O que significa isso? O adolescente hoje entra na internet e tem um contato com uma comunidade que na minha época não existia, e hoje você tem um acesso direto. Esse jovem acaba muito mais estimulado a sair do armário de forma seletiva, para os amigos, começar a freqüentar lugares gays, etc, mas não necessariamente para a família, para a sociedade, porque ainda existe um grau de intolerância muito grande. Claro que, dependendo da família, de onde esse jovem cresce, ele pode ter maior ou menor facilidade de lidar com isso. sair do armário não é necessariamente um ato único em que o sujeito está fora do armário para todo mundo. sair do armário publicamente é a terceira e última etapa desse processo, que é muito mais longo. Por outro lado, também, hoje você tem mais modelos, você tem uma visibilidade um pouco maior, principalmente nas grandes cidades, o que torna essa situação teoricamente menos problemática do que era no passado, mas não necessariamente. Porque uma coisa é você ser aceito nesse pequeno grupo, outra coisa é ser aceito de maneira mais integrada na sociedade. Até em cidades como São Paulo você vê que não é muito fácil você se assumir de uma forma mais aberta.
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Família: não há como prever a reação dos pais

Para sair do armário diante da família, é importante que esse jovem saiba que não há como prever a reação das pessoas. Portanto, qualquer tentativa de se mostrar está sempre sujeita às reações das mais diversas. Você tem história de pessoas que esperam que os pais tenham um ataque e os pais falam “ah, eu já sabia”, e você tem história de pessoas que achavam que os pais, liberais e tal, cabeça boa, vão lidar bem com isso, e quando contam os pais querem se matar. Então é importante lidar com uma certa incerteza em relação a como as pessoas vão reagir

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Compreender a dificuldade na aceitação

Segunda coisa: se a maior parte dos homossexuais demora alguns anos para se auto-aceitar, é importante entender que os pais não vão aceitar de uma hora para a outra. Se para eu que sou jovem homossexual é difícil, como é que eu espero que alguém vá aceitar da maneira mais imediata? È preciso também estar preparado para uma situação que não necessariamente vai ser exatamente como eu gostaria que fosse.

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Planejando o momento de se abrir


O terceiro ponto que eu acho muito importante é, na medida do possível, que esse jovem planeje, faça um planejamento da saída do armário, porque muitas vezes acontece de uma maneira não planejada e na pior hora possível. Então numa hora numa briga fala: “e também eu sou gay”. Então, nessa hora, as coisas tendem a acontecer de uma maneira muito mais conflituosa do que se há alguma coisa planejada. Tenho uma história de um cliente meu de uns 20 e poucos anos que queria contar para a mãe mas não sabia como. Aí eu recomendei uma peça que estava passando em São Paulo, Norma, que trata da questão de uma maneira muito sensível, e tem uma redenção no final positiva, e todo muito se emociona. Ele levou a mãe no espetáculo, a mãe estava evidentemente sensibilizada, emocionada com aquela situação, ele falou, “bom, eu queria te contar que eu sou gay”. E foi muito bom, porque ele estava emocionalmente muito mais preparada para lidar com isso do que em outra situação. Então isso é o que eu chamo de planejar, qual é o melhor momento, em que não exista um outro conflito aparecendo.
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orientação sexual não é só sexo

Outra coisa que eu acho importante, dentro desse planejamento, é se preparar para como eu vou dizer. È importante que esse jovem fale de sua orientação sexual de uma maneira ampla e muito mais profunda do que simplesmente “eu gosto de transar como homens ou transar com mulheres”, que esteja preparado para falar um pouco mais de seus sentimentos, de como isso surgiu, da dificuldade que tem sido, do medo que ele tem de repente não ser amado, de ser rejeitado, não ser aceito, a expectativa que ele tem dos pais de que continuem a amá-lo da mesma maneira, porque ele é a mesma pessoa, então estar mais preparado para falar de uma maneira muito mais significativa e profunda do que é a orientação sexual do que simplesmente dar uma conotação sexual. È importante que ele tenha clareza para entender na verdade o que é uma orientação homossexual, que na verdade é uma atração que não é puramente sexual, mas também emocional, afetiva, é espiritual, estar preparado para dizer “olha, isso não é uma coisa que eu estou escolhendo, eu não aprendi com ninguém”.

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A importância das amizades

Fora do núcleo familiar, é importante que esse jovem desenvolva certas alianças também na comunidade homossexual. Aqui no Brasil ainda é uma coisa muito complicada, mas pessoas que possam dar a ele esse suporte, que possam, numa eventual situação de conflito familiar, a quem ele pode recorrer para ter algum suporte emocional, para não sentir abandonado. No Estados Unidos, porexemplo, é muito legal, você tem várias associações, tipo ONGs que nós temos no Brasil, que dão suporte para esse cara, ele recebe folhetos, vídeo, faz reuniões de “coming out”, ele se prepara para lidar com isso, tem o apoio da comunidade. Então, na medida do possível, ele ter algum suporte, algum amigo mais velho, que tenha passado por esse situação.

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Esconder demais pode ser perigoso

Uma outra coisa em relação ao jovem que é muito importante: cuidado para não ser descoberto, que é uma coisa muito pior. Geralmente o jovem não conta, principalmente numa sociedade como a nossa em que as pessoa adoram viver na ambigüidade, ninguém fala nada, todo mundo sabe, mas ninguém quer falarabertamente, e aí se descobre e é muito mais complicado, tem a mentira, a falta de confiança. Quando a mãe descobre que aquela amiguinha com quem ele sai não é uma amiguinha, é um amiguinho, aí acaba tendo uma outra variável, que é a perda de confiança dos pais. Mas não tem uma regra pra isso, porque é muito difícil, mas, se ele decidir fazer, se achar que é o melhor caminho para ele, esse são os cuidados básicos: planejar e evitar ser descoberto.

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Onde foi que eu errei?

Os pais precisam entender que esse choque que pode acontecer com a revelação é natural. Nenhum pai, nenhuma mãe escolhe criar um filho homossexual. Aí não é só uma questão de preconceito, mas das dificuldades que esse filho vai encontrar numa sociedade heterocentrada. Então, independente de ser bom ou ser ruim, é uma sociedade heterocentrada, então ser homossexual é ser minoria, ser minoria requer um certo grau de sofrimento, e os pais gostariam que seus filhos que não passariam por isso. Então para os pais tem várias questões que os pais precisam lidar, alguns mitos, como “onde eu errei?”, a primeira pergunta dos pais. Eles precisam entender que não erraram.

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Lidando com a frustração

Depois, lidar com a frustração, “não vou ter netos”, “meu filho ao vai ser aquilo que eu esperava que ele fosse”. Lidar com a culpa, “o que eu fiz de errado”, se os pais se separam, ou pôr a culpa em mais alguém, “quem foi que te fez isso”, tentar entender que se é difícil para eles, é mais difícil para os filhos, que provavelmente o filho para chegar e contar, ele já caminhou um bom pedaço da sua vida com um grau de sofrimento muito grande, pra chegar e dizer isso. Então essa compreensão os pais precisam ter.

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Informação contra o preconceito

É importante os pais entenderem que eles vão precisar saber mais sobre esse assunto, precisa se perguntar onde é que eu posso obter mais informações sobre isso. Nos Estados Unidos, por exemplo, tem uma associação chamada “Pink Flag”, formada por pais e amigos de homossexuais, que existe há 30 anos, tem em toda cidade americana. Ela dá todo o apoio para o pai dos homossexuais, há reuniões, uma linha que a mãe pode ligar, conhecer outras mães, tem uma estrutura de comunidade que no Brasil ainda não existe, pelo menos que eu saiba. Os pais precisam saber como é que podem ajudar seu filho. É uma situação complicada, difícil, por mais que eu aceite, eu o ame, ele vai encontrar dificuldades na vida. Então o que eu posso fazer para ajudá-lo, são preocupações que os pais devem ter.

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O amor em primeiro lugar

A condição básica é dizer assim: “olha, eu te amo independente do que você está me contando”, quer dizer, reafirmar o seu amor, até dizer coisas do tipo, “eu não consigo ainda entender, aceitar, mas eu vou fazer o possível pra aceitar, queria que você me ajudasse a entender isso”. Essa visão mais realista ajuda mais os pais, porque também achar que os pais vão ouvir aquilo e falar “ah, tudo bem, eu sou Corinthians, eu sou Palmeiras, não é assim. Existe realmente um choque nisso, então é importante que os pais que têm que lidar com esse choque da maneira mais natural possível, dando suporte emocional, reafirmando seu amor, buscando informações a respeito disso e lembrando que aquilo é um sofrimento também para o filho que está contando. E isso não é um processo muito fácil. Por isso que tanto para o jovem que está saindo do armário quanto para os pais que estão vivendo essa história, seria muito interessante ter suporte, de associações, de outras pessoa, suporte profissional em alguns casos.

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À procura de um amor, no universo gay

A vida, num percurso homossexual.Campanha de prevenção contra a SIDA (AIDS). Este filme dá ênfase a dimensão dos afectos,como parte integrante da sexualidade.