terça-feira, 8 de junho de 2010

Mais de 3 milhoes de pessoas na parade de São Paulo.


Em ano eleitoral, a 14ª Parada do Orgulho Gay teve viés político. Ao meio-dia de domingo, numa Avenida Paulista bem colorida, militantes distribuíam panfletos nos quais pediam para os simpatizantes não votarem em candidatos homofóbicos.Na concentração, uma placa gigante trazia a seguinte mensagem: “Vote contra a homofobia: defenda a cidadania”. Todos os atuais presidenciáveis foram convidados, mas nenhum apareceu na parada.Estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas tenham acompanhado os 4km do percurso que liga o Museu de Arte de São Paulo (Masp) à Praça Franklin Roosevelt, no Centro.Segundo a militante Gizelle Freitas, da Associação de Gays, Lésbicas e Transexuais de Ribeirão Preto, a organização não governamental vai preparar um relatório na próxima semana apontando os deputados que votaram contra o projeto de lei que torna a homofobia crime.A proposta tramita no Congresso desde 2006, já foi aprovado na Câmara e vai passar pelo crivo dos senadores.O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), engrossou o coro de quem é contra a homofobia e disse que os políticos deveriam se posicionar sobre o tema.“É importante que a classe política tenha a noção da importância de se combater a homofobia. Como estamos em ano eleitoral, a discussão sobre o tema é mais do que oportuno”, ressaltou.O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), disse apoiar o movimento organizado pelos diretos dos Homossexuais. “Essa campanha defende a cidadania e, com isso, a democracia pela qual tanto lutamos neste país. E é importante que este debate aconteça durante a campanha eleitoral deste ano”, disse Goldman.A Drag Queen Tiffany Estrelato, 28, viajou de Tefé (AM) até São Paulo para participar da Parada Gay. Ela estava no comando de um grupo de ativistas que faziam corpo a corpo com os simpatizantes, distribuindo panfletos sobre as eleições e a causa Gay.A Parada Gay de São Paulo é considerada a maior do mundo. Não à toa, tão logo a multidão se aglomerou na Avenida Paulista, imagens do local pipocaram nos sites dos maiores jornais estrangeiros.“Não podemos deixar escapar essa oportunidade. Agora é a hora de cobrar dos nossos governantes o fim da intolerância e do preconceito sexual”, disse Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho Gay de São Paulo.De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a Parada Gay é o evento que mais atrai turistas para a capital paulista. Pelo menos 400 mil pessoas vêm de todo o Brasil e do exterior. A estimativa é de que o evento cor-de-rosa gere uma receita de até R$ 200 milhões.A segurança no desfile deste ano foi praticamente dobrada. Pelo menos 3 mil homens da Polícia Militar, Guarda Civil e seguranças particulares trabalharam na parada.Metade deles falava mais de uma língua e ajudavam os turistas que não entendiam português. Os policiais bilíngues tinham estampado na parte de trás do uniforme a bandeira que indicava o segundo idioma que eles falavamEngajados na luta contra a intolerância sexual, muitos pais levaram para a Parada Gay deste ano seus filhos para ensiná-los que devem crescer sem preconceito e aprenderem respeitar as escolhas sexuais dos demais.Com a filha de um ano e três meses no colo, o casal de Bissexuais Alexandre Nogueira, 28, e Ioná Murakame, 34, querem que a criança cresça sem ter vergonha da própria família. "Eu acho importante que ela tenha contato com pessoas que também temos", diz o pai. Para eles, o evento é uma grande festa que reúne pessoas de todos os tipos.Antônio Menezes, 38, aproveita o domingo ao lado do filho de 9 anos. "Faço questão que ele tenha contato com esse mundo desde pequeno, o trago desde quando tinha 6 anos", argumenta o pai para justificar a sexualidade da ex-mulher, que se assumiu Lésbica. "Hoje ele aceita o relacionamento da mãe e até gosta da companheira dela".A heterossexual Denise Costa, 45, faz questão de dar ao filho, de 10 anos, o direito de escolha. "Não sei qual a opção sexual dele ainda. Hoje ele diz é que uma coisa, amanhã pode mudar", justifica.Um dos carros alegóricos que mais chamaram a atenção foi o dos ursos e idosos. Outro carro que fez sucesso foi o chamado “gol contra a homofobia”. Os simpatizantes aproveitaram o ano de Copa do Mundo para se vestir de verde e amarelo. A Parada encerrou o desfile por volta das 20h.

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